Vez por outra, seduzido pela “mesa de bar” (clique aqui) da qual falamos no último texto, vejo algum vídeo ou ouço algum áudio. Vi, por estes dias, um vídeo em parodiavam o Tiririca e sua música Florentina, trocando a figura do palhaço Tiririca pelo infame presidente “Bolsorina” que, em ritmo de Florentina, cantava Cloroquina.
Preocupante perceber que, diante de uma grave crise sanitária, social e econômica, a preocupação da liderança maior do país seja opinar, com a profundidade de um pires, sobre o uso ou não cloroquina para combater o coronavírus. Se fosse médico, seria até inteligível, por vício de ofício. Mas sendo um ex-militar, formado pela Agulhas Negras, sem especialização em saúde, não é o que se espera dele e nem no que deva se meter. Isso é conhecimento técnico, que demanda estudo, ciência. Não achismo. Do contrário, dá-se uma insalubre “conversa de bar”, sem respaldo, que só serve para confundir e desorientar, desviando a atenção daquilo que realmente interessa.
Na mesma esteira, para se fazer opositor e mostrar-se em outro campo, o duble de governador João Dólar recrimina o uso. Todavia, seu parceiro, alcaide da esburacada e mal cuidada São Paulo, anuncia que a rede municipal usará cloroquina. Nenhum deles é médico. Mas ambos querem ter opinião. E para surfar na onda, seja ela qual for, usam de seus cargos para estabelecer política pública, sem rubor, lastreada não em evidência científica mas sim em clamor de mesa de bar. Não se está dizendo que a cloroquina deve ou não ser usada. Não sou médico. Porém se deve e será uma política pública de saúde, deve ser determinada pelos técnicos nisso e anunciada por eles. Curioso pensar nas razões da defesa ou não do uso da cloroquina por pessoas que não entendem lhufas disso…Os laboratórios fabricantes devem agradecer…E talvez agradeçam no momento certo…
Preferível que presidente, governadores e prefeitos estivessem preocupados em fazer aquilo que se espera deles e não debater sobre aquilo que não entendem. Em verdade, o que hoje nos dirige é a “mesa de bar”. Há um grande vácuo de gestão e, com sorte, talvez lembremos destes tempos como aqueles em que as escolhas feitas sem siso nos legaram a miséria e a morte.
No entanto, tomara que também nos recordemos que, desde então, não pautamos mais nossas preferências pela conversa de “mesa de bar”. Esperemos.
Marcus Vinicius Ramos Gonçalves
Sócio da BRG Advogados. Professor de Compliance da Pós-Graduação da FGV-RJ. Presidente da Comissão de Estudos em Comunicação da OAB/SP. Presidente do ILADEM (Inst. Latino-Americano de Defesa e Desenvolvimento Empresarial).
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